domingo, 4 de março de 2018

Visita


Sou um fracasso para protocolos, rituais. Sou péssima para grandes ocasiões, felicidade de hora marcada, mas me derreto com as alegrias das horinhas de descuido. Anteontem, meu amigo Roberto chegou de surpresa. A caminho de Sete Lagoas, atalhou por aqui e apeou para um café. Tirou da mochila um corte de doce de leite e outro de goiabada que trouxe de Itabirito. Sentou na mesa da cozinha e iniciamos a prosa do mesmo ponto onde paramos da última vez. A bateria da telepatia estava carregada, porque no dia anterior, meu irmão tinha perguntado por ele. É que Roberto já nos visitou outras vezes. Já até foi no remate da Folia em Santo Antônio do Baú com a gente. Passei o café. Tomamos nas duas únicas xícaras com asas que temos nessa casa. Meu deus! Quando recebo visitas é que vejo as mil coisas que precisamos. Apesar que, a amizade do Roberto prescinde dessas coisas. Ele não demorou. Saiu apressado para cumprir os rituais de final de ano com a família. Eu fiquei com a sensação que não conversamos tudo, que faltou a cerveja na praça, a caminhada pelo cerrado. Mas o pouco tempo que ficou foi intenso. Rimos, nos indignamos e sonhamos coisas para o novo ano. No fundo, essa ilusão do calendário até que é boa, pois nos dá a impressão que podemos sempre recomeçar. Recomecemos, então!

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