domingo, 4 de março de 2018

Saudades de África

Ainda impactada com o livro "O caminho de casa" da jovem ganense Yaa Gyasi. Passei o final de semana pensando na minha ascendência. Por parte de mãe, consigo ir até a minha avó. Mamãe não conheceu o pai e temos esse vácuo na nossa árvore genealógica. Por parte de pai, conseguimos chegar até a nossa tataravó, Filomena, "negra cativa", como gosta de dizer meu tio João. Uma das preocupações de Gyasi ao escrever o livro foi justamente criar uma genealogia para duas irmãs separadas em África. A jovem escritora refaz a história de sete gerações mostrando o impacto da escravidão na vida de 14 personagens que herdam dramas e ideais de seus ancestrais. A leitura me impactou, mas também me trouxe uma espécie de conforto. No fundo, é como se a árvore genealógica de Esi e Effia fosse também a minha. É como se todos os negros do mundo sentissem uma espécie de saudade de África, não como um lugar geográfico, mas como uma paisagem metafísica, um lugar existencial.

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