domingo, 26 de novembro de 2017

"Saudade é uma espécie de velhice

Cerca de dez dias longe da casa velha de janela azul e parece que são dez anos. O milho já deve estar enorme e com a chuva que caiu o manacá já deve ter florido. As acerolas temporãs devem ter se perdido porque os pardais e sabiás não consomem na proporção que a natureza produz. As sementinhas vindas da Alemanha germinaram e eu não estou lá pra monitorar. A mudinha de orégano que plantei já deve estar firme e o capim cidreira que meu irmão plantou pra mim já deve estar cheio de folhas. Não pude fiscalizar o trabalho de colocação de terra que o menino fez nos canteiros novos. Será que ficou bom? O bebedouro dos beija-flores deve estar sem água, porque ninguém lembra de colocar quando eu não estou lá. A grama do quintal já deve estar reclamando corte. As estórias do meu irmão, contadas na mesa da cozinha, quando ele chega cansado da lida no campo, estão se acumulando. Isso sem falar nas saudades de Fridinha (que deve estar sentindo minha falta) e do Scooby. Os tocos que meu irmão trouxe do cerrado para o "jardim mandala" que estamos planejando estão esperando as flores. Das conversas com o menino nem vou falar, porque remediamos com os áudios no whatsapp. Mas qu'é'de a 'ave-maria" na hora do "angelus"? Daí, lembro dos conselhos do menino: "Foco, mãe! foco!" "Encare a prova como se fosse seu melhor jogo, independente do nível dos participantes". E procuro sossegar meu coração. Não, não é de um lugar geográfico que eu falo, é existencial. É meu Mutum, minha terceira margem, minha patriazinha.

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